domingo, 28 de agosto de 2011

O interior não me cabe...

ADONIS

Aqui estou - 
escapando-me ao meu antepassado
como o perfume de uma rosa murcha,
eu assumo-me , eu multiplico-me,
como a abelha fabrico os meus favos,
e de súbito, mal é uma ferida,
a vida arrefece,
já só vejo máquinas,
rodando, empurrando-se nas campinas
de respirações humanas
e não há dia nem noite,
só uma correia contínua
de depenados instantes,


o exterior não é o meu lar,
o interior é-me apertado,
perfume de uma rosa murcha,
eu escapo-me ao antepassado,
eu não quero nomear
eu quero o seu homónimo da luz
eu não me quero ligar
eu quero o seu sinónimo do vento
(Adonis)


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Assim: - Fulminante!


Príncipe - sapo ... era uma vez??

Só preciso te encontrar...
só isso basta.
você. Você mesmo
que saiba abraçar
que saiba ouvir
que saiba ficar na sua também dar um tempo as vezes
mas que saiba chegar quando for preciso e aconchegar quando for o momento.
Pedindo demais?
Não. To pedindo você.
(by Lim)







Obsessão - E a magia continua????


Ainda você...
... não sei se é privilégio ou obsessão
me assusta mais se for falta de opção mesmo...
mas porque quando sua imagem vem
ainda o peito aperta e corta algo lá dentro?
as lágrimas despontam mesmo que timidamente?
o sorriso apesar de tanto desconforto ainda surge,
me fazendo feliz pelo simples fato de ainda ser você...
e ter sido mágico.
(by Lim)

Meros detalhes,Toda diferença...

Hoje pensei, lembrei e forcei-me á recordar porque foi tão importante assim...  e descobri... e amei-o ainda mais... só por meros detalhes que  fazem total diferença... simples e quase óbvio...


Porque os outros se mascaram mas tu não     


Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Sophia de Mello Breyner Andresen









"Ah! Se todos fossem iguais á vc"...eu não me sentiria assim tão privilegiada...rsrs




segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Quando menos esperamos...


Dor é consequência de um apego inútil! Deixa ir... Deixa rolar... Se você já fez o que podia fazer, tentou e não deu, confie na vida, confie no Universo e siga em frente. Pare de se lamentar, pare de se debater e de se perder cada vez mais, e tenha a certeza absoluta de que o que tiver de ser, será!


Quando essa certeza chega, é impressionante: a gente simplesmente relaxa e solta! E quando solta, a dor começa a diminuir, e a gente começa a compreender que está tudo certo, mesmo quando não temos a menor idéia de que “certo” é esse. Mas quando menos esperamos, tudo fica absolutamente claro! 

Não se trata de desistir, mas de confiar! Isso é o que se chama “FÉ”! Isso é o que desejo a mim e a você, quando estivermos doendo...

Rosana Braga 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Eu por mim mesma...


Como é bom viver sem esperar muito dos outros!
Como é bom traçar os próprios caminhos
e escrever a própria história!
Não sou mais obrigada a ser perfeita.
Apesar das minhas falhas, estou apaixonada por mim. 


Augusto Cury

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tudo o que sou ...


  Sou eu


Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.


E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconseqüente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.

E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.


Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.

Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo
- A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.

Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.


Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.


Sou eu mesmo, que remédio!
                                                    
Álvaro de Campos

Estreitos???Largos...bem largos...Esparramados...


"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos"

                

                     Clarice Lispector


domingo, 7 de agosto de 2011

Eu acho sempre muitas coisas...

Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que " nada é para sempre."



(Gabriel García Marquez)



Corro demais...Navegar? é para poucos.

"Fico tão cansada às vezes, e digo para mim mesma que está errado, que não é assim, que não é este o tempo, que não é este o lugar, que não é esta a vida. (...)então eu não sentia nada, podia fazer as coisas mais audaciosas sem sentir nada, bastava estar atenta como estes gerânios, você acha que um gerânio sente alguma coisa? quero dizer, um gerânio está sempre tão ocupado em ser um gerânio e deve ter tanta certeza de ser um gerânio que não lhe sobra tempo para nenhuma outra dúvida..."

                                                                                                                   Caio Fernando Abreu






Genteee...acho que estou cansada e ainda dezembro anda ao longe..oh céus...


Ando correndo muito, sem saber por que corro, sem saber se vale a pena...mas correr é preciso...navegar??? Também...mas é para poucos...



sábado, 6 de agosto de 2011

Amando infinitamente o finito e Impossívelmente o possível


O QUE HÁ EM MIM É SOBRETUDO CANSAÇO

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...


 Álvaro de Campos

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Levemente Dissolvido

"Um outro dia, embaixo da chuva, esperamos um barco à beira de um lago; a mesma lufada de aniquilamento me atinge, desta vez por felicidade. Assim, às vezes, a infelicidade ou a alegria desabam sobre mim, sem nenhum tumulto posterior, nenhum outro sentimento: estou dissolvido, e não em pedaços: caio, escorro, derreto. Este pensamento levemente tocado, experimentado, tateado (como se tateia a água com pé) pode voltar. Ele nada tem de solene. É exatamente a doçura."

Roland Barthes






Vivendo mais vidas...agora.


(...)Não me interpretes mal: a tua voz, o teu corpo, o teu nome
já não mexem com nada cá dentro. Não que alguém os destruísse,
só que um homem, para esquecer uma vida, precisa pelo menos
de viver outra ainda. E eu há muito que gastei tudo isso.
Tu tiveste sorte: onde estarias para sempre – salvo talvez
numa fotografia - de sorriso trocista, sem uma ruga, jovem, alegre?
Pois o tempo, ao dar de caras com a memória, reconhece a invalidez
dos seus direitos. Fumo no escuro e respiro as algas podres.

(Joseph Brodsky - In "Paisagem com Inundação”)




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